quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

QUE ME IMPORTA - Do livro: ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"

QUE ME IMPORTA


Que me importa, quando morta
Imortalidade ter?
Que me importa, que me importa,
Se nunca o venho a saber?

Para quê ser imortal,
Se não digo mais: presente?
Para quê, se tem o mal
De não mais me sentir gente?

(Se não sinto aquele abraço,
Que envaidece e que conforta?
Se p’ra sempre o meu espaço
Palmos de terra, comporta?)

Ser imortal, que me importa,
Se isso só vai desvaler-me?
Que ser imortal, comporta,
Ser alimento de verme?

Que me importa, quando morta,
Estátuas e honrarias?
Que me importa, que me importa,
Se já não conto meus dias?

(Se não ouço um elogio,
Nem apalpo um pedestal?
Se não sinto o calafrio
De me saber imortal?)

Que me importa, que me importa,
Ter de imortal, estatuto?
Se sei que não me conforta,
Se de minha morte, é fruto?


FIM DESTE BLOGUE


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sábado, 21 de janeiro de 2012

A UMA CERTA QUIMERA - Do livro ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"


A UMA CERTA QUIMERA


De ti quimera, eu não quero mercês
E o hoje o ser imortal, não me diz nada;
Oh, como ingénua fui -  pobre coitada
Ao consentir-te outrora - e tanta vez...

Que foste que nem falsa cupidez
Mandando-me essa seta envenenada
Não por anjo, mas hidra simulada
E que hoje estrangulei, por sensatez!

Que veneno corria em minhas veias!...
Por sorte, associei, certas ideias
E em breve, tive a cura  radical

Remédio quase santo - tenho a prova
Que com a hidra inerte em funda cova
Constato que a mim própria, estou igual!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

COMPANHEIRISMO - (ENTRE QUINTA E SEXTA -2012/01/19) Do livro: ( a editar) " DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

COMPANHEIRISMO  

Um puro amigo não pertence ao leque
Daqueles que o são por conveniência
Antes jamais, põe outro amigo em cheque

Concede-lhe um participar-valência
Na forma de apoio em qualquer aposta
E dispõe-lhe do ombro-complacência

Teima em pôr-lhe a perdida fé, reposta
Mitiga-lhe do mal, algum vestígio
E respeita-o pelo que gosta e não gosta 

Faz para concorrer p’ra seu prestígio
E jamais para o declive ou fracasso!
Procura ante um dilema ou um litígio
Honrá-lo e ser honrado, num abraço.  


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

AMAR! SEMPRE AMAR! - (O POEMA DA SEMANA - 2012/01/16) Do livro: (a editar) PENSAMENTOS (EN)QUADRADOS II



AMAR! SEMPRE AMAR!


AMAR:
É na dura frustração
E mesmo abalo medonho
Ter a firme convicção
De ‘inda acreditar no sonho.

AMAR:
É na angústia, na má sorte
E na raiva desmedida
Dizer (de ânimo bem forte)
‘Inda acreditar na vida!

AMAR:
É entre chôro e querela
(Dum fado da cor de breu)
Dizer, olhando uma estrela
‘Inda acreditar no Céu.

AMAR:
É ante vício e fraqueza,
(Dum turvo poço sem fundo)
Afirmar, de esp’rança acesa
‘Inda acreditar no mundo

AMAR:
É em face a nuca quente
(Por rancores que consomem)
Afirmar convictamente
‘Inda acreditar no homem!

AMAR:
É perante uma amargura
Punhalada ou dissabor
Dizer, com toda a ternura
‘Inda acreditar no amor!

sábado, 14 de janeiro de 2012

DESAMOR - do Livro: ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"


DESAMOR


Ah triste desamor, sem ter melhora
Que o teu ritual, era bem escuso;
Daquele  desrespeito, feito abuso,
De química, que mal um laço, explora...

De união, que jamais se revigora
– E um coração, até dado em confuso –
Chorando o seu papel, de pobre iluso;
E ante de ontem o crer,descrer de agora...

Como irá toda a raiva assentar pó?
Se ela é fruto de alguém, que se vê só
E a brados, com umbrosa consciência;

Conquanto, se poder-se contrapor
Desilusão de amor, com outro amor.
Desse pó, seguir-se-á clarividência!