quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

QUE ME IMPORTA - Do livro: ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"

QUE ME IMPORTA


Que me importa, quando morta
Imortalidade ter?
Que me importa, que me importa,
Se nunca o venho a saber?

Para quê ser imortal,
Se não digo mais: presente?
Para quê, se tem o mal
De não mais me sentir gente?

(Se não sinto aquele abraço,
Que envaidece e que conforta?
Se p’ra sempre o meu espaço
Palmos de terra, comporta?)

Ser imortal, que me importa,
Se isso só vai desvaler-me?
Que ser imortal, comporta,
Ser alimento de verme?

Que me importa, quando morta,
Estátuas e honrarias?
Que me importa, que me importa,
Se já não conto meus dias?

(Se não ouço um elogio,
Nem apalpo um pedestal?
Se não sinto o calafrio
De me saber imortal?)

Que me importa, que me importa,
Ter de imortal, estatuto?
Se sei que não me conforta,
Se de minha morte, é fruto?


FIM DESTE BLOGUE


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1 comentário:

  1. Gostei muito do poema, mas creio que a Morte não é o fim de tudo.

    Um abraço grande.

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