quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A MEU LIVRO - Do livro:(a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

A MEU LIVRO


Que bom saber os meus versos, bem irmanados
Na tua capa, duas portas encorpadas
Se às geadas os poupando, também às nortadas
E da chuva e calor, tendo-os abrigados.

Oh terno relicário de meus grão cuidados
Que tuas fieis portas, quando escancaradas
Mostram quer ilusões, quer verdades, honradas
Pelo meu estro entre elas e de braços dados

E se acaso Mausoléu, amanhã te tornarem
Mãos e olhares ciosos por ti reclamarem
Já teus “lençóis” terão um tom, 'inda mais belo;

Terei “partido” já ; mas o meu estro, esse não,
(Modelo de mulher, p’ra nova geração)
Está nesses “lençóis” *- já da cor de farelo.

* Folhas

                                                        

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

VOO DE CUPIDEZ - ( O POEMA DA SEMANA- 2011/11/28) Do livro: ( a editar)" PROPENSÕES MUSAIS"

VOO DE CUPIDEZ 

No voo da quimera eis o Cupido
Cruzando esse céu verde, da iminência;
Com sorrir fascinante de inocência
Num rosto quanto basta de atrevido

E lá age – lascivo ou divertido
Com asas de sonho, arco de valência;
E às vezes, sua seta, tem tendência
Para um duplo ou até triplo sentido;

Cai bem, ao semi-anjo, a traquinice;
E em si, seminudez, não é momice
Antes, não haverá quem a enjeite;   

E em sua mão, a harpa ou alaúde
Se encanta e incentiva a juventude
Também à anciania dá deleite!

sábado, 26 de novembro de 2011

SÓ PORQUE A POESIA NELA EXISTE- Do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"



SÓ PORQUE A POESIA NELA EXISTE

Sem crer maturidade, uma barreira,
Mas coisa de torná-la mais distinta,
Mantém uma auto-estima, de primeira
Com idade, de duas vezes, trinta.

Sempre de si segura, e prazenteira
E sem que a sua idade a ninguém, minta;
Remédios, só receita bem caseira
E sempre cobre as cãs, a sóbria tinta

É por certo bairrista e  humanista
Se um pouco ateia, bem nacionalista
E paladina do hino: A Portuguesa;

Feita em beletrista, esta mulher lusa
Canta, ri, e chora – em honra da musa,
E bem de íntimo de alma, concerteza!

                              2009/04/20


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ESTILISTA MUSAL, DA VELHA-GUARDA - ( ENTRE QUINTA E SEXTA- 2011/11/24) Do livro: (a editar)" RELANCES DUM OLHAR"


ESTILISTA MUSAL, DA VELHA-GUARDA


Normal é o seu nome e apelido,
E não possui riqueza nem tesouro;
Congratula-se em ser do signo touro
E isso apurar-lhe o sexto sentido.

Se por no idioma seu, o empenho tido
Decerto que incomoda algum calouro;
E de pugnar por ser, digna do louro
Também certas mentes, tem afligido.

E assim da velha-guarda uma estilista
– P'ra alguns, ultrapassada modelista –
Mantém empenhamento especial:

– É de nos tons e linhas de roupagem
Em vez de ultramoderna opção de  imagem,
“Vestir” a musa, com “traje intemporal”…

2009
   
   

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A MORADA DA POESIA - Do livro :( Já editado) "ESTRO DE MULHER"


A MORADA DA POESIA


Com sua bem antiga identidade,
Tem morada, em todo e qualquer lugar;
Só que su’alma na realidade,
Só num lugar, conseguirá morar!

Só nele usufrui de comodidade,
Que ele anda, gira, consegue voar;
E tendo assim cabal idoneidade,
De, com ela, a poesia abraçar!

Pois more a poesia onde morar,
Sempre que su’alma a for visitar,
Logo ela se conhecerá completa;

É que se vê com emoções honrada,
Que uma outr’alma, de su’alma é morada:
O oásis, que é a alma do poeta!


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ELEGÂNCIA POÉTICA - ( O POEMA DA SEMANA - 2011/11/21) Do livro: ( a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"

ELEGÂNCIA POÉTICA
I
Todo o poeta em si, é semi-profeta
Mandando as frases ocas, p'lo enxurro
Em prol da escrita, dita predileta.

Mas por vezes, nem dando em mesa, um murro,
Disso, um bom tema ou mote, relampeja
E das musas ele ouve um bom sussurro…

Sorte a sua, se sem que o preveja
Numa porta da mente, soar toque
Surgindo a inspiração – e  de “bandeja.
II
Como em pipo, saltando-lhe o batoque
Então de  “efervescências” há derrama,
E o inspirado logo anda a reboque;

Pois tão inebriante panorama,
– Assim no ar, tão poético nardo –
O ego de bom autor, sempre inflama.

E o escrever, ser-lhe á mais grato fardo
Quanto mais uma frase, mal nutrida
Ele transforme, em bela flor do cardo…

Em frase cabalmente conseguida!

2009
  
                     

sábado, 19 de novembro de 2011

ESCRITOR DE ÁGUA DOCE - Do livro (a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

ESCRITOR DE ÁGUA DOCE


Um escritor, de manso calo e tacto
Que se lance em artigo " boa traça",
Pode, quanto a sucesso, ter negaça ,
Que fez crer, co’o vulgar, ter feito pacto ...

Como ante bela flor, espinho em cato
Por muito que até tente ou mesmo faça ...
Tocada a flor-artigo, se embaraça ,
Dando em espinho-artigo, sem impacto.

Que o erudito teor - de bom garante,
Sai de quem, em “mar alto” bem delega
E faz do papel, barco triunfante;

De forma, que de branda entrega,
Não tem o tal teor p’ra ir avante,
Porque é em“águas doces” que navega.


2009

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CULTURA, EM CORDA-BAMBA - ( ENTRE QUINTA E SEXTA- 2011/11/17) Do livro: (a editar) " DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



CULTURA, EM CORDA-BAMBA


Dá para crer, inércia ser – caramba
Estar-se em palco, sem cadência artística;
Numa actividade, em nada balística
Mas de quem p’lo vulgar a beiça lamba ...

De quem leva, a cultura à corda-bamba
E lhe acarreta uma fraca estatística;
Fruto de recalcante cabalística
Dum pé torto, que bom sapato camba…

E que deixa a pegada duma escola
Que em vez de um ensinar polivalente
Com rotineiro mestrar, se consola;
II
E em palco, um atuar, não  convincente…
leva a plateia, a palmas, por esmola
Palmas por caridade, unicamente…
      

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

NO PALCO – COMO NA VIDA - Do livro: ( a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"


NO PALCO – COMO NA VIDA

Ter humildade em vez de petulância
- Num popular cenário, ou mais  solene -
Após um qualquer auto, que se encene
P'ra o auditório tem, suma importância.

Por isso, dela a toma que exp'rimenta
Leva a crer, igual ser ao próprio arbítrio
Em emoções que aceita ou que afugenta.

Porém se é que no palco, se desmanda
Sujeita-se a ouvir, de qualquer fila
Uma vaia, de pôr a cara à banda
E feita por alguém, que não vacila...

Contudo se o autor se auto-restaura
- Com a tal verosímil humildade -
Seus  créditos fiáveis, reinstaura.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A CONDIÇÃO DO POETA - ( O POEMA DA SEMANA 2011/11/14) Do livro: ( a editar) "PENSAMENTOS (EN)QUADRADOS"


A CONDIÇÃO DO POETA


Disseram-me certo dia,
Que o poeta, esse coitado
Volta-se p’rá poesia
Por não passar dum frustrado.

Sorri, talvez convencida
Mas frustração, no entanto
Dá muita vez, à partida
A um poema, enorme encanto.

Contudo, tal julgamento
À condição do poeta
Motivara-me ao intento
Duma resposta correcta

Respondi, que o é, talvez
Por sentir, como ninguém
A fraqueza e pequenez
Das coisas que a vida tem.

E pelo amargo conflito
De saber que tem razão
Numa mensagem, que é grito
E às vezes, soando a vão...

Ainda pela injustiça
Que de si ouve dizer:
De padecer de preguiça
Ou não ter mais que fazer...

Também pela vasta lista
De apodos, de “nota preta”
Tais como: ser Narcisista
E andar armado, em vedeta.

E por fim, pela agravante
De ser aquele mortal
Tido por extravagante
E ele saber-se normal!


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ANELO- (ENTRE QUINTA E SEXTA-2011/11/10) Do livro: (já editado) "ESTRO DE MULHER"

ANELO


Saber tudo o que hoje sei e renascer
Bom seria, como ponto de partida;
Tudo fazer, na certa conta e medida,
E com todos os meus fantasmas correr…

Pudesse a todo o mundo igual suceder!,
Chances e anelos, em aliança unida!,
Ninguém dono de ninguém, e logo a vida,
Teria um perfil, mais digno de se ver!

Mas o tempo é uma implacável esfera
E o mal, é que adiamos a perfeição,
Como uma coisa que possa ter espera…

Ressuscitar, renascer, não pode alguém,
(P’ra um mundo perfeito, a ideal solução)
Que coisas que a vida faz e a vida tem!...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MATIZES DE AGUARELAS - (O POEMA DA SEMANA- 2011/11/07) Do livro (Já editado) "ESTRO DE MULHER"


MATIZES DE AGUARELAS

(Autobiografia poética)

Há aguarélicos suores, que acredito
De “pedra mole”, dentro de mim transpirando…
E ao que me agarro, tranquila ou de âmago aflito,
Para, nos muros de meu crânio, ir “afinando”…

Sem cavalete – numa mesa geralmente –
“Pinto” maravilhada e liberta de peia;
E até meu regaço me serve lindamente
Se estiver na montanha, na praia ou na aldeia.

Em pequenas “telas” os outros vou “pintando”
"Auto-retrato-me" leda ou com frustração;
Também entre as masmorras do tédio cismando,
Ou a sair de rede, mito ou rubição…

Se tenho dias, de ser dada ao saudosismo,
– Os meus tempos áureos, todos só frescura-
Aí as minhas telas, primam pelo lirismo,
Ou então saem-me sóbrias, sem terem cura…

Quando acho o meu sonho tema prioritário,
“Pintar” a imortalidade é tarefa ingrata;
Que ante a cisma ou depressão, desse imaginário,
Sempre acabo no tender à “pintura abstracta”

Outras vezes (quando minha alma dentro berra,
Perante este cosmos, em que estou inserida)…
Evidencio-me de pés firmes em terra,
Com uma “pintura" realista da vida!

Se me volto p’rós encantos da natureza,
(Dessa amiga, toda ela popularidade)
Redunda surpresa, seguida de surpresa,
Que ganho em pitoresco e versatilidade!

E (ao compasso de emoções fortes ou singelas)
Lá vou cumprindo de bom grado, um dom inato,
Dando a plástica das letras às minhas “telas”,
Sem ídolos, sem um mestre e sem mecenato!



sábado, 5 de novembro de 2011

O POETA - Do livro: ( já editado) "ESTRO DE MULHER"

O POETA


Esse, que é bem das palavras o artista,
– E que comanda o seu sonho, acordado –
Está a sério fado condenado:
A verem-no como que um masoquista

De grandes emoções, procura a pista,
Esse seu peito, altamente exaltado;
E ânsia de maiores fica a seu lado,
Desde logo o momento que as conquista.

Sem ter emoções, o que será dele?!
Sem sentir dores, sem dramas na pele,
O poeta achará sua alma pobre…

Melhor será sentir muito que pouco
Nem que até mesmo lhe digam que é louco,
Louco – por arte tão sublime e nobre!




quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ALMA DE AMARROTADO PAPELUCHO - (ENTRE QUINTA E SEXTA- 2011/11/03) Do livro :( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


ALMA DE AMARROTADO PAPELUCHO



Mesmo um amarrotado papelucho
Que nada tem em si, que se lhe exija...
Pode albergar por certo, bom debuxo!

Conter um valimento de cornija
Imponente, pragmática e correcta;
Autêntica, presente, e  sempre rija!

Aquela inteligência, bem selecta,
Que apenas no acertismo, entã se versa
Sempre à sombra da lógica dileta!

Ser pertença de alguém que - se em conversa
No que é paradoxal, jamais se empenha
E sempre no bom senso, se alicerça!

De quem da persistência faz resenha
Em vez de se ficar p’lo comodismo...
E que se ao monte vai, é p’ra ter lenha
E atear-lhe um ciente iluminismo!

2009

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

POETA A-SÉRIO - do livro ( a editar) " DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"

POETA A-SÉRIO

 
Entre a parte real e a que é onírica
Não poderá haver comum factor;
Mas todo o  poeta a-sério - ágil condor
Por entre nuvens voa, em boa lírica!

 E quer profissional, quer amador,
Tanto lhe valerá, p'ra a panegírica.

Importam argumentos bons,  em uso
P'ra de um verso o nascer, enobrecido;
Porque mero versículo, abatido
Será o equivalente a tento escuso...

Sob pena de - assim tão mal nutrido
No beletrismo, entrar como um intruso.

2009