segunda-feira, 4 de julho de 2011

NOVIDADES AO EMIGRANTE - (O POEMA DA SEMANA - 2011/07/04) - Do livro: (a editar)"DÁ RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"


NOVIDADES AO EMIGRANTE


Olha emigrante, olha a nossa terra à tua volta.
Parece estar cada vez mais moça, não é verdade?
Ela que já foi uma vila, e hoje é uma cidade,
Uma cidade airosa, hospitaleira e desenvolta!

Vê como parques e avenidas, continuam viçosos,
Neles ajoelhando homens, são jeito de oração,
Mondando relva e novidades, co’a arte de sua mão,
Quer isolados, quer em grupos, coniventes e vaidosos.

– Pacientes e hábeis artesãos, expandindo sua veia,
Agarrando-se à Natureza, como artista a tela,
Caprichando em manterem, nossa terra, bela,
Dando-lhe o que bem merece: encantos de aldeia –

Olha-os também os “miasmas” da cidade, retirando,
Aspirando ou varrendo-os com a mesma paciência,
– Mandados pela voz do dever e da sua consciência –
Empenhados e recurvados, a seu labor se entregando.

Olha novos prédios, bancos, lojas e supermercados,
– Que tais eclosões são p’ra ti, outra minha novidade –
Imagina amigo, quantos sonhos até toda esta realidade,
E também quantas caras novas, nestes imotos acabados!

Olha acolá – antes do cruzamento – dá uma olhada
Dá emigrante, que te deliciará, tal contemplação,
Os volantes, já não topam, à sua frente, um rubicão,
Foi abatido, dando lugar a mais um troço de estrada.

Atenta em cada máquina, seu ruído e trepidação,
Obedecendo a mãos e cérebros de grande vontade;
Vê camiões e mais camiões pelas ruas da nossa cidade
Ora com entulhos, ora com materiais de construção

Vê atlantes agarrados a materiais com galhardia,
Tijolos sobre tijolos, pedras sobre pedras, ajustando
Ou com argamassas enormes esqueletos encorpando,
Realizando ambições de terra que sonha noite e dia.

Olha emigrante,calo a calo e todo o suor consagrado,
Desses corajosos homens, sobre andaimes, se arriscando
Desses obreiros que nos vão novos prédios edificando,
Ou com restauros honrando pergaminhos dum passado.

Vai às rotundas, que compreenderás minha emoção,
– Vai quer com noite iluminada, ou com sol brejeiro –
Que nelas verás entrar indiferente tanto forasteiro,
Para sair com a nossa terra, num cantinho do coração.

Depois calcularás quanto me doerá ser “desterrada”,
Quanto me doerá partir para essa terra prometida...
Que das coisas que mais me vai custar deixar na vida,
É a nossa querida cidade, esta nossa terra amada.

E constatarás que bem mais teria p’ra te contar,
Que terei mil cargas de razão se sentir vaidade,
Porque a nossa terra, está em galopante prosperidade,
Ela é digna de epitetá-la: Bela Musa, de meu poetar!

1991

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