segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

FORMAS DE POESIA - ( O POEMA DA SEMANA - 2011/02/28 ) Do livro: ( já editado) "ESTRO DE MULHER"


FORMAS DE POESIA


Contentei-me com o pouquinho que sabia,
E com o muito que sentia, me alegrei;
Vitais razões, nessas sensações descobria,
P’ra começar tentativas de poesia,
Onde bem moça, mãos à obra então deitei!

Logo resultou, em dar comigo a sorrir,
Pois que nobre arte, acabava de descobrir!

Ganhei empenho, em novas musas e emoções,
E mal as achava, calar-me não podia;
Fazendo eclodir, veementes explosões,
De frases, no meu livro de recordações
Banhadas, com realidade ou com fantasia!

Por tal, nas asas do sonho, eu alto voava,
E sem ter medo, outras paragens arriscava!

Então, com cimento escuro, me contentei,
E com a água, sempre pronta, me achei rica;
Casei-os, co’as mãos da coragem, que ganhei,
Chamando “filhos” aos modelos que criei,
Aos frutos de meu ânimo e minha genica!

Por isso, novamente sonhava e sorria,
Pois o meu próprio artesanato descobria!

De pronto, pensei nos esmaltes piamente,
E delirei, com o petróleo das candeias;
Com o fim de os juntar, como irmãos, ternamente,
Pintando, o que modelara anteriormente,
E sentindo amor à arte nas minhas veias!

E mais uma vez, eu sorria e meditava
E novo sonho, em paralelo, edificava!

Outras tintas, igualmente humildes e airosas,
Experimentei com interesse e ternura,
E com que (ao invés de em telas dispendiosas)
Pintei entusiasmada: cravos e rosas,
E simplesmente em retalhos de lona dura!

E anelo vivo, me entrava pela alma e mente:
Fazer mais e bem melhor, daí para a frente!

Com alguma técnica e criatividade,
Também descobri, o apaixonante prazer,
De transformar, em peças úteis de verdade
Domésticas peças, já sem utilidade,
Com outro visual e nome a condizer!

Porém, a par de muito sorrir e sonhar,
Também a perfeição ansiava encontrar!

Peguei em folhas, raízes e cereais,
Em sementes, em cordas, ráfias e cortiças;
Virando depois, tais encantos naturais,
(E ante as mais diversas técnicas manuais)
Em peças versáteis e bastante castiças!

E além das críticas me fazerem sorrir,
Muito mais de mim, me fizeram exigir!....

Arranjei ossos, dentes, cascos de animais,
Conchas, pedras do monte, do rio e do mar;
E quantas vezes (sem dormir como os demais)
Para virar objectos, tais materiais,
O sono chegava e não o deixava entrar…

E olhava o que havia feito, gratificada,
Porém longe, de me sentir realizada…

E o certo é que, quando vira desabrochar,
Esse meu gosto pela arte (obduto e inato)
Nunca, mas nunca mais, eu quisera parar:
Ora fazendo meus versos ou meu prosar,
Ora elaborando meu próprio artesanato!

E que inferi, do que fazia e não fazia?:
Todas as artes, são formas de poesia!

1989


Sem comentários:

Enviar um comentário