quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SAUDADE-CALAMIDADE - Do livro (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS


SAUDADE-CALAMIDADE


Será sempre a saudade, boa graça,
Dentro duma alma, sem ter contraforte?
Mas com defesa frágil e escassa;
Quase como que lã, perante a traça
Acobardada e sem aval de importe?

Numa afeição, rutura – na verdade 
 Nunca de todo, a chaga se lhe fecha;               
 Cara-metade sem outra metade
 Se em si, saudade é já calamidade, 
 Dá-lhe em amarga prosa e triste endecha... 

 Frutos dum inspirar, tornado insosso,
 Como um agraciar, sem distintivo,
 Garantido projeto, sem esboço,
 Ou mesmo romaria, sem tremoço;  
Já que há um coração, de fé falido…
  

2010

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