SAUDADE-CALAMIDADE
Será sempre a saudade, boa graça,
Dentro duma alma, sem ter contraforte?
Mas com defesa frágil e escassa;
Quase como que lã, perante a traça
Acobardada e sem aval de importe?
Numa afeição, rutura – na verdade
Nunca de todo, a chaga se lhe fecha;
Cara-metade sem outra metade
Se em si, saudade é já calamidade,
Dá-lhe em amarga prosa e triste endecha...
Frutos dum inspirar, tornado insosso,
Como um agraciar, sem distintivo,
Garantido projeto, sem esboço,
Ou mesmo romaria, sem tremoço;
Já que há um coração, de fé falido…
2010
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