segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A ANTERO DE QUENTAL - (O POEMA DA SEMANA 2011/09/26) do livro: "ESTRO DE MULHER"

A ANTERO DE QUENTAL


Essa tua barba, tão majestosa e hirsuta,
A defendeste com “garras” bem afiadas,
Transformando, tua existência numa luta…

E (por estratégias, tão a peito levadas)
Os teus ideais pátrios (teus grandes suspiros)
Eram gritos, em tuas prosas panfletadas….

Ah idealista bem “alto” e “gordo” de embirros…
Ah dócil Mestre, tão propenso a azeda gana,
Quantos foram, teus inexoráveis espirros?

P’ra uns, sacana, outros, a pessoa mais sana;
Umas vezes crente e temente, outras ateu,
E tantas, um sedente da paz de Nirvana!

De qualquer forma, honorável epicureu!
Que davas a tua alma, sã vitalidade,
Atarefando-a com as lides de morféu!

E por tua inaudita sensibilidade,
O pitoresco pouco ou nade te dizia,
Amando bem mais as sombras, que a claridade…

Se nunca ânsia de fama, confessaste um dia,
Quantas outras ânsias, deixaste transbordar,
Fruto de tua madura filosofia?

Com o teu tão desenfreado “galopar”,
(Consciência em conflito e pensamento exigente)
Não admira, que à depressão fosses parar….

Mas (quer assim contigo mesmo intransigente)
Ou co’os outros, orientador de pulso forte)
A tua barba, veneraste realmente!

Só que a certo ponto, ficaste tão sem norte,
(Com a tua alma de tal modo comprimida)
Que acabaste, Antero, por encontrar, na morte,
O melhor de todos os ideais de vida!

1991

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