“Ontem”para mitigar a pasmaceira,
Duma insónia, por demais excedente
Acordada, ocupava a noite inteira
Inventando o sonho, mais excelente.
Sim, se dormir não conseguia,
Ao menos fruía o sonho ideal;
Sabendo que por tal, muito sorria
E talvez com um sorriso angelical.
“Hoje”, que o meu dormir, é evidente
(E não sou do meu sonho comandante)
Padeço um pesadelo deprimente
Causando-me agonia asfixiante...
Sim, porque se dum luxo me granjeio,
Também por ele pago um alto preço
Porque no sonho, sofro de entremeio
Ânsias e medos, que não mereço…
Já não sei se é melhor, sono não ter
Para acordada, sonhar risos e zelos
Ou deitar-me e fruto do adormecer
Padecer aflitivos pesadelos...
Eis hoje o meu complicado dilema
(Qual das saídas a de menor custo?)
Fruir da insónia, com lauto esquema
Ou gozar meu sono, ante enorme susto?
1998
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