GENTIL-HOMEM, EM FÚRIA
Quando a ira o possui, ninguém atende,
Nem parecendo até, um gentil-homem
E quanto mais os males se lhe assomem
Menos fica de si, que o recomende...
Como que a ferro e fogo, se defende
De arbítrios alheios, que o consomem;
Sem chicotes, ou açoites, que o bem domem,
Sem temer lobisomem ou duende.
Faz de sua boca, arma de arremesso,
De ofensivos baldões e de ameaças,
- Gentil-homem, no polo mais avesso -
Mas quem bem lhe conhece as boas traças,
Conta com o seu ombro - de alto preço -
Logo que caia em si, e em boas graças.
2009
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