A MOÇA QUE ENQUANTO ESCREVIA, ROÍA…
I
Num computador eu, e noutro ela
Vizinhas num labor, mas eis que arranja
De roer tostas – e em tal fartadela
Que os pobres dos meus nervos, pôs em franja…
E a barulheira era tão enfadonha
– Era de tal maneira irreverente –
Que à sua causadora, ganhei ronha…
II
Parecia um esquilo a roer nozes
Com tostas, e tostas, em seguição;
E eu, sem encontrar benditas vozes
Que chamassem a moça à atenção.
Que gritassem, p’ra seu juízo ausente
Ou ela própria se auto-alertasse
Que ali não se podia dar ao dente…
Daquele seu roer – com ar de gula –
Acreditei-me até desrespeitada
Mas mesmo a dar por mim, sempre mais fula
Mantive contenção - não disse nada.
E por mais algum tempo ela roendo…
E eu a muito custo suportando;
E por fim o silêncio acontecendo.
2010
Muito belo seu blog, e as poesias são de tirar o fôlego, levantar e aplaudir, parabéns beijos Luconi
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