AO AMOR
Quem te manda chegar a nosso consciente,
E nos provocar uma feliz dor no peito?
Provirás tu, de qualquer raiz ou semente?
Diz-me lá oh amor, de que matéria és feito!?
Diz-me ainda, quem foi teu mestre soberano,
Que te ensinou a seres essência ardente?
Foste amor talvez discípulo de Vulcano,
Já que consegues pôr, em brasa, a alma á gente!
Quem criou p’ra ti, esse especial perfume,
Com que tantas vezes, tu andas perfumado?
E quem lhe deu o triste nome do ciúme,
Que transforma a vida de tanta gente em fado?
Quem foram os poetas imemoriais,
Que te ensinaram o choro e tanto lamento,
Galanteios, serenatas e madrigais,
Nos fazendo erguer os olhos ao firmamento?
Quem te deu: amargor, sal e tanta doçura,
E que tira ou dá ao viver outro sentido?
Quem banhou tuas seta a quimera e ventura,
Diz-me lá quem é que a banhou, quem foi Cupido?
Quem te incitou ao sonho e á meditação,
E te ensinou a fé o verbo esperançar’
Qual o Deus, que te exortou à resignação,
E em ti criou esse teu dom de perdoar?!
1991
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