A LUA ESTÁ INOCENTE
Oh grande gema de ovo, diz-me porquê,
De à noite, ante Céu sim ou não estrelado,
Tu fugires, ou esconderes-te ou quê,
Que ninguém te consegue ver, sol doirado?!.
Estarás, talvez, dormindo a sono solto,
Enquanto que a lua, muito vai correndo….
Por vezes, com rosto, por palor envolto,
Mas sempre também fresca – nunca morrendo?!
Não julgues sol, que ela de ti, se enfastia,
Que seus carinhos, por ti, não são briosos…
É que, enquanto o teu trabalho é de dia,
O dela é em serões – também laboriosos!
E essa inocente – que corre lés-a-lés –
Mesmo jurando-te ser só tua toda,
Te faz duvidar, que, somente tu és,
A razão, que tanto a faz andar á roda…
Pois acredita belo “mancebo ardente”,
Acredita: p’ra ti, não é mentirosa;
Lá por, nas suas fases, mentir à gente,
Contigo, já é outra coisa – outra prosa…
Acredita, que nenhuma lei profana!
Que somente tu és, seu senhor e rei;
É que ela também é uma soberana,
Com um mandato, perante sua grei!
E enquanto imaginas, mil e um pandemónios,
Cismando, se mesmo fiel te será ela,
Nós, mortais, somos testemunhos idóneos,
Dos seus feitos, duma inocente donzela!
Donzela, que corre, sem atropelos…
Sem se ocupar com qualquer futilidade;
Sua vida, é bem um exemplar de zelos!
Vós sois dignos um do outro,majestade!
E o povo, em verdadeiro deslumbramento,
Esperando um feliz ar da sua graça,
Nas noites de Janeiro, olha o firmamento,
Idolatrando essa donzela com raça!
É que – numa missão assazmente grata,
Incumbida por mandato da natureza –
Ela nos oferece um luar de prata,
E todo feito da mais subtil pureza!
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