AS NÚVENS, TAMBÉM CHORAM...
Para eventuais horas desta vida
Que um choque, nos provoquem sobre o ego,
Com doses de um enorme desespero
E carradas de um ânimo infeliz,
Há para o olhar triste: algum tempero
E para a ama em dor : medicatriz
Nossas lágrimas foram engendradas
Para negros momentos de agonia
Quer seja de saudade, ou de lamento
De um enorme prazer e emoção;
E se delas, correr for o seu intento
Porque não lhes dar essa permissão?
Todo o mortal decerto exp’rimentou
Perante um desagrado ou um fracasso
Sua garganta um nó a apertar;
Decerto, um dia já foi confortado
Pelo alívio, então ganho no chorar
Quando uma ilusão, se lhe fez fado
Quanta emoção, por certo, já sentíramos
E as lágrimas que não nos resistiram
Por um mérito em nós, reconhecido
Ou prova de real abnegação?
Quanto chôro, tivemos já vertido
Num abraço de paz e de perdão?
Por isso não te inibas oh mortal
Do uso desse alento natural
Que as lágrimas em si, até melhoram;
O choro até dá luz, há alma em breu
Olha que as próprias nuvens também choram
E sempre tão felizes, lá no Céu!
1968
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