FELICIDADE NUM TREVO
I
Talvez eu fosse já supersticiosa
Com esses meus treze anos – dizer devo –
Porque sentia-me algo esperançosa,
De gozar de um futuro cor-de-rosa
Se conseguisse achar um certo trevo.
Por isso de imediato o que é que fiz
Foi tentar encontrá-lo – na verdade
Para a um dado momento – bem feliz
Realmente encontrar o que bem quis
Esse meu verde trevo e em verde idade
E olhei as suas folhas, com enlevo:
– Quatro folhas, que doces ilusões! –
Mas onde irei eu, pôr-te oh lindo trevo,
Que da cor da esperança te descrevo
E com folhas, par’cendo corações.
Para guardar assim tão raro achado
Só num lugar que seja bem seguro;
E o melhor, será em livro fechado
Porque entre suas folhas, és poupado
E então bem resguardado p’ra futuro.
Passei logo da ideia, p’rá ação
E, entre as folhas dum livro, o trevo pus;
Até porque de mente e coração,
Conservá-lo p’ra sempre era intenção
E se o perdesse o meu triste: ai Jesus.
Então abria o livro, assim servil l
Ante o pensar ainda algo inocente
Se me surgisse o trevo, emoções mil
Que nesse corpo meu, ‘inda infantil
Tinha meu coração, de adulta gente.
II
Os anos por mim lá iam passando
E grandes ilusões em paralelo
Com esse meu tal trevo, a cor mudando,
De verde, acastanhado então ficando,
Até acabar seco e amarelo.
E eis que peguei em trevo tão querido,
Lançando-lhe um olhar feito de mel,
Além de em folha a folha ter mexido
E acabando a honrar o meu ouvido
Um som bem similar ao do papel!
Pensei que papel sendo, realmente
Eu poderia dar-lhe mais valor,
Se em cada folha, a tinta permanente
Deixasse escrito e bem visivelmente,
As letras da expressão - tão linda -: AMOR!
E assim às suas quatro folhas, devo
Ter tão bela palavra, escrito – à mão –
Que com tal acrescência, esse meu trevo,
Evidenciou em si, dobrado enlevo,
Causando-me no olhar, mais emoção.
PAUSA
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